Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/05/2004
O sonho de uma minúscula máquina capaz de entrar pelo corpo humano e curar males antes incuráveis já foi retratada em livros e filmes. Certamente todos os aficionados por robótica conhecem esse conceito. A pequena máquina vai até o local a ser tratado e faz o seu trabalho sem que o paciente necessite nem mesmo de anestesia. Ainda é sonho.
Mas agora um professor de neurobiologia inventou uma maneira um pouco diferente de fazer a mesma coisa. Ele quer enviar para dentro do corpo humano nada menos do lagartas-robô. Parece brincadeira? Pois ele recebeu um financiamento de US$1 milhão para prosseguir com sua pesquisa.
O professor Barry Trimmer, da Universidade Tufts (Estados Unidos) está estudando detalhadamente a forma como as lagartas andam, fazem manobras e sobem por obstáculos. Seu objetivo é que minúsculos robôs flexíveis possam imitar esses movimentos para entrar pelo corpo humano, explorando e curando órgãos e vasos sanguíneos, mas também podendo fazer uma horinha extra em canos industriais que apresentem entupimentos.
"Nós estamos tentando entender como o sistema nervoso controla esses movimentos complexos de forma que possamos reproduzí-los e construir nossos próprios robôs de corpo flexível que manobrem facilmente, tal como uma lagarta," explica o Dr. Trimmer.
O Dr. Trimmer não deseja construir robôs cheios de engrenagens e juntas. Ele quer robôs flexíveis. "Nossa pesquisa tem aplicações potenciais no projeto e controle de um novo tipo de robô flexível que poderá ser utilizado para navegar através de dutos ou estruturas intricadas tais como vasos sanguíneos e dutos de ar, assim como em operações no ônibus espacial ou em construções de edifícios."
Dois aspectos do movimento das lagartas estão sendo examinados detalhadamente: primeiro, a pesquisa está tentando entender como o rastejar é controlado pelo sistema nervoso central do animal e como ele interage com estruturas periféricas, como os músculos. Segundo, a capacidade única das lagartas em escalar superfícies utilizando curvaturas abdominais nas pontas das patas. Embora seja uma forma passiva de se agarrar, ela é tão forte quanto um velcro e é coordenada ativamente pela lagarta.
Além do financiamento envolvido, a seriedade da pesquisa pode ser também aferida pelos métodos sendo utilizados. Trimmer e seus colegas estão utilizando eletromiografia, medições hidráulicas, ressonância magnética e animação e modelagem 3-D.
Antes, porém, que as lagartas-robô do Dr. Trimmer comecem a evitar infartos ou mesmo desentupir canos, ele terá que resolver o problema de criar um músculo artificial eficiente o bastante para tornar seus robôs uma realidade.