Medo de avião? Descubra algumas maravilhas que você só verá lá em cima.

Les Cowley & Tony Phillips - Science@NASA - 05/12/2005

"Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez na sua mão," cantou Belchior. E você, tem medo de avião?

Pois saiba que há coisas que você só conseguirá ver através da janela de uma aeronave. O especialista em óptica atmosférica, Les Cowley, lista algumas de suas favoritas:

Uma resplandecência, fotografada pelo viajante Philip Laven.

"Cada um dos dois lados de uma aeronave oferece seu próprio espetáculo," diz Cowley. "Do lado oposto ao Sol, a principal coisa a se olhar é para a resplandecência. É necessário que haja nuvens abaixo do avião. Elas são a tela na qual a resplandecência será 'pintada'."

"Olhe na direção do ponto anti-solar, o local nas nuvens diretamente oposto ao Sol," ensina ele. "Lá, se a aeronave estiver baixo o suficiente, você irá encontrar a sombra do avião. Envolvendo a sombra estará a resplandecência - um brilho esbranquiçado, cercado por um ou mais anéis cintilantes coloridos."

"Esses anéis são formados quando a luz é refletida de volta por gotículas de água individuais na nuvem. Quanto mais uniforme o tamanho das gotas da nuvem, mais anéis você verá. Eles incham e se contraem à medida em que você viaja acima de nuvens com gotas menores ou maiores."

Não há nenhuma nuvem abaixo de você?

"Neste caso," diz Cowley, "outro efeito óptico poderá ser visível, especialmente sobre regiões áridas ou florestas de pinheiros. Esse é o efeito da oposição, uma mancha brilhante de luz se movendo junto com o solo abaixo de você. O brilho, que é sempre diretamente oposto ao Sol, marca o ponto onde a sombra dos objetos, como as árvores ou os grânulos do solo, fica escondida sob esses objetos. A área, conseqüentemente, parece mais clara, e ligeiramente mais amarelada, do que seu entorno.

Agora vá para o lado do Sol...

"Aí é o reino das auréolas de gelo," diz Cowley. Auréolas de gelo são anéis e arcos de luz criados pelos cristais de gelo nas nuvens de altitudes elevadas. "Elas são freqüentemente coloridas como um arco-íris," observa ele, "mas elas não são arco-íris."

Do solo você olha para cima para ver essas auréolas. De um avião, você olha para baixo.

"Você poderá ser capaz de ver auréolas além do horizonte, invisíveis a partir do solo," diz Cowley. "A mais brilhante, algumas vezes com um brilho cegante, é a sub-solar. Esta é uma reflexão direta do Sol, por milhões de cristais de gelo de formato achatado, flutuando nas nuvens abaixo de você e agindo em conjunto como um gigantesco espelho. À medida em que a aeronave se move, a auréola sub-solar se move juntamente com as nuvens, algumas vezes crescendo, outras vezes se contraindo e algumas vezes tremendo, pela ação de cristais com diferentes inclinações. Algumas vezes uma coluna de luz pode se estender a partir da sub-solar em direção ao Sol verdadeiro - este é o pilar do Sol."

Auréolas sub-solares, fotografadas por Don Davis.

"O nascer e o pôr do Sol vistos de grandes altitudes são especiais," acrescenta Cowley. "A velocidade do avião pode fazê-los mais lentos ou mais rápidos do que o normal. E mais, o Sol fica mais achatado, porque sua luz é refratada quase duas vezes mais, ao passar para a atmosfera baixa, mais densa, e de volta até seus olhos. Em um vôo noturno, você poderá ter a sorte de ver o nascer da Lua; suas distorções e seu achatamento são maiores pela mesma razão."

"E, se nenhuma dessas coisas for visível durante o seu vôo, ignore seus companheiros de vôo e contorça seu pescoço para tentar ver um pouco do céu acima de você. Ele é escuro e de um violeta profundo - mais escuro do que você conseguirá ver em qualquer ocasião a partir do solo. Uma grande parte da atmosfera terrestre está abaixo de você e há muito menos moléculas para difundir a luz do Sol e fazer o céu parecer azul. Você não estará muito distante do espaço."

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