Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/10/2002
Antes de iniciar sua 35ª e última órbita ao redor de Júpiter, a sonda espacial Galileo irá colocar um pouco de luz sobre três intrigantes segredos que desafiam os cientistas: uma pequena lua, chamada Amalthea (ou Amalteia), um anel de poeira e a região mais profunda do ambiente de alta energia magnética do gigantesco planeta.
"Nós estamos entusiasmados com este encontro porque a nave estará voando mais perto de Júpiter do que em todas as ocasiões anteriores." disse Eilene Theilig, gerente do projeto Galileo. O encontro irá permitir incomparáveis oportunidades de pesquisa para os cientistas.
A nave Galileo estará no ponto mais próximo da pequena Amalthea às 06:19 horas do próximo dia 5 de Novembro. Além de quatro luas grandes - Io, Europa, Ganymede e Callisto -, Júpiter possui também quatro luas pequenas. Amalthea é uma delas, possuindo um formato oval e uma superfície cheia de crateras. Galileo irá passar a apenas 160 quilômetros de sua superfície. Com tal proximidade, será possível aos cientistas saber finalmente do que a pequena lua é constituída, qual a sua massa, densidade e composição. Infelizmente, para direcionar todos os recursos da Galileo para as medições, a câmera não será utilizada.
Conhecer a densidade de Amalthea irá ajudar a entender se a origem das luas de Júpiter se parece com a origem dos planetas ao redor do Sol. Os planetas mais próximos do Sol - Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - são mundos de rocha muito mais densos do que os gasosos e gelados planetas a partir da órbita de Júpiter. O mesmo ocorre com as quatro grandes luas de Júpiter: Io, a mais interna, é basicamente uma densa aglomeração de rochas e ferro, enquanto Ganymede e Callisto, as duas mais externas, são misturas de rocha e gelo. Europa está em um estágio intermediário entre os dois tipos.
Amalthea orbita Júpiter a cerca de meio caminho entre o planeta e Io. Se ela for densa, poderá comprovar a teoria de que Júpiter, como o Sol, emitiu energia suficiente para impedir que componentes leves e voláteis, como gelo e água, se condensassem e fossem incorporados aos corpos em formação mais próximos do planeta.
Outra oportunidade especial de pesquisa será a região interna da magnetosfera de Júpiter, um ambiente de alta radiação formado por partículas carregadas e controladas pelo campo magnético ao redor do planeta. "Conforme você se aproxima de Júpiter, muitos dos processos lembram o que nós pensamos que aconteça próximo a uma estrela." disse Claudia Alexander, uma das cientistas do projeto Galileo. O conhecimento dessa radiação também poderá ser utilizado para o projeto de futuras naves que deverão explorar Europa e Io, que necessitarão operar durante longos períodos no ambiente de alta radiação dos anéis de Júpiter.
Embora já esteja quase sem combustível, terminada essa fase de pesquisas a nave se voltará novamente para Júpiter, onde deverá entrar em nova órbita em Setembro de 2.003. A nave já ultrapassou em cinco anos o tempo de vida útil para o qual havia sido projetada. Embora tenha sido submetida a níveis de radiação muito superiores e por mais tempo do que havia sido previsto, ela ainda será capaz de alinhar suas antenas com a Terra e transmitir mais dados.
Mas a maior preocupação dos cientistas agora é evitar qualquer risco de que, no futuro, a nave venha a se chocar com a lua Europa. A preocupação vem de uma descoberta feita pela própria Galileo, da evidência de um oceano escondido sob a superfície de Europa. Os cientistas acreditam que um oceano pode ser um indicativo extremamente consistente de que possa haver vida na lua.