Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/11/2004
Na música Reconvexo, Caetano Veloso afirma que é "o vento que lança a areia do Saara sobre os automóveis de Roma". Mas, em tempos de globalização, cientistas acabam de descobrir que esses grãos de areia podem se espalhar por quase todos o planeta, indo bem mais longe, até Toronto, no Canadá.
A pesquisa queria descobrir o que contribui para a poluição da cidade. Esperava-se encontrar as emissões dos escapamentos de automóveis, chaminés de fábricas e até estações de tratamento de esgoto. Mas os cientistas se surpreenderam quando se depararam com resíduos de um incêndio florestal em Quebec e com grãos de areia do Sahara.
A equipe do professor Greg Evans, da Universidade de Toronto, utilizou um sofisticado equipamento chamado espectrômetro de massa por ablação a laser (LAMS, na sigla em inglês). O ar do local onde se faz a medição é acelerado a altíssima velocidade no interior do aparelho, sendo obrigado a cruzar o caminho de dois feixes de raio laser.
Ao passar pelos laser, sensores calculam sua velocidade exata e informam ao equipamento quando acionar um terceiro laser, de alta potência, que vaporiza uma porção da partícula, enviando fragmentos ao longo de um "tubo de vôo". Moléculas mais leves levam menos tempo para viajar através do tubo, dando as pesquisadores a assinatura química da partícula.
O professor Evans afirma que, após ter sido construída uma biblioteca de partículas, a pesquisa poderá tornar possível a identificação de poluentes sem qualquer conhecimento de sua origem.
A pesquisa foi publicada no exemplar de Outubro do periódico Atmospheric Environment.