Thiago Romero - Agência FAPESP - 27/07/2006
Apesar de cada vez mais escasso, o petróleo continuará a ser a principal matriz energética mundial nas próximas duas décadas. Isso tem obrigado os maiores países produtores, para tentar evitar aumentos ainda maiores no preço do barril - que já passou dos US$ 70 -, a criar novas tecnologias de extração nas reservas existentes que sejam capazes de suprir a crescente demanda.
O cenário foi apresentado em conjunto com os desafios da indústria de petróleo nacional para os próximos anos, durante o simpósio "Novas tecnologias em produção de petróleo", na 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Florianópolis.
"Estamos apostando em técnicas de recuperação avançada de petróleo. São raras as vezes em que se consegue explorar mais da metade do volume total de óleo em um reservatório, por uma série de dificuldades inerentes aos processo de recuperação", disse Geraldo Spinelli Ribeiro, gerente de Elevação e Escoamento da Petrobras. "Buscamos novas tecnologias capazes de recuperar o restante do óleo que não está sendo possível drenar atualmente."
Ribeiro afirmou que a técnica conhecida como "subsea to shore", ou "do fundo do mar para a praia", de extração de petróleo em águas profundas, é a principal proposta da Petrobras para aumentar a produção. "O maior desafio é não ter mais plataforma na superfície da água. Esse conceito envolve uma série de tubos, bombas, medidores e sistemas de extração que liguem uma plataforma instalada no fundo do mar à praia, enquanto um profissional controla todo o processo de maneira remota em terra", explicou.
O gerente apresentou o projeto de uma bomba multifásica submarina desenvolvida pela Petrobras, que deverá ser instalada dentro de duas ou três semanas no campo de Marlim, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro. "Esse tipo de tecnologia está ajudando a formar uma nova cultura de exploração dos campos, com maior automação e um perfil mais integrado de produção", disse Ribeiro à Agência FAPESP.
O Brasil começou a extrair petróleo no início da década de 1950 e produz atualmente cerca de 2 milhões de barris por dia. Estima-se que o preço do barril possa chegar, dentro de poucos anos, a US$ 100, por conta de fatores como conflitos políticos no Oriente Médio e oscilações na economia mundial.