Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/06/2007
A idéia de implantar minúsculos aparelhos auditivos eletrônicos no ouvido interno de pessoas com surdez profunda tem cerca de 30 anos - uma idéia radical para a época, quando a miniaturização da eletrônica dava seus primeiros passos.
Agora, cientistas da Universidade de Michigan, Estados Unidos, estão sugerindo um passo ainda mais radical para o tratamento de casos de surdez muito graves: implantar um dispositivo diretamente no nervo auditivo.
Implante no nervo auditivo
Ainda que a proposta ainda gere dúvidas sobre as possibilidades da tecnologia atual, a equipe do Dr. John C. Middlebrooks acaba de demonstrar em animais que a implantação de um conjunto de eletrodos ultrafinos diretamente no nervo auditivo permite a transmissão de uma grande faixa de sons diretamente para o cérebro.
A imagem mostra um desses eletrodos. Dezesseis deles são inseridos no nervo auditivo com um espaçamento entre eles de apenas 1/10 de milímetro. "Em virtualmente todos os aspectos, eles funcionam melhor do que os implantes cocleares," diz Middlebrooks.
Implantes cocleares
Os implantes cocleares, agora já tradicionais, também são formados por conjuntos de pequenos eletrodos que recebem sinais de um processador de sons externo. Mas esses implantes não ficam em contato com o nervo auditivo - eles ficam separados por um fluido e por uma parede óssea.
"O efeito é como conversar com alguém do outro lado de uma porta fechada," diz o pesquisador. Com a estimulação intraneural, esse efeito desaparece. E a ativação direta das fibras permite a transmissão de freqüências mais precisas, além de reduzir a energia necessária para que o aparelho funcione e a interferência entre os diversos eletrodos quando vários são acionados simultaneamente.
Testes clínicos
Os resultados são promissores e, se a continuidade dos experimentos não demonstrar nenhum efeito adverso, espera-se que os eletrodos finalmente permitam que os deficientes auditivos possam voltar a ouvir sons de baixa freqüência comuns nas conversas normais, assim como conversar comodamente em ambientes ruidosos, identificar vozes altas e baixas e até apreciar música - todas áreas nas quais os implantes cocleares, embora fantásticos, têm limitações significativas.
O consumo de energia do novo implante é extremamente baixo, o que permite aos pesquisadores sonhar com uma versão futura que seja totalmente implantável, não dependendo de baterias externas. Eles ainda terão que fazer novos experimentos em animais antes de passar aos testes clínicos em humanos. Segundo Middlebrooks, a nova tecnologia levará de cinco a 10 anos para estar disponível para uso.