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Informática

Vírus de Estado: Quando os governos se tornam hackers

Com informações da New Scientist - 02/10/2012

Vírus de Estado: Quando os governos se tornam hackers
O malware constrói um modelo 3D do ambiente do usuário, que pode então ser examinado para bisbilhotar detalhes de sua vida pessoal, ou para encontrar informações ou objetos valiosos.
[Imagem: Templeman et al.]

Vírus governamentais

Que a espionagem sempre foi tipicamente uma atividade de Estado, todo o mundo já sabe.

Até recentemente, porém, a espionagem digital era tida como coisa de hackers, crackers e outros amigos do alheio com maior conhecimento de informática, sempre interessados em contas de banco e similares.

Por isso causaram surpresa as revelações mais recentes dos "hackers de Estado" e seus "vírus governamentais".

Embora especialistas em segurança afirmem que os vírus e malwares financiados por governos devam existir aos milhares, o assunto só se tornou público com a descoberta dos vírus Flame e Stuxnet.

Malware invade câmera

Agora, especialistas do Centro de Guerra Naval dos Estados Unidos e da Universidade de Indiana anunciaram a criação de um malware que assume o controle das câmeras de smartphones e outros aparelhos portáteis.

Ao contrário dos outros malwares, que normalmente visam as chamadas "informações digitais" - como senhas de banco, números de cartão de crédito etc. - o novo invasor se preocupa em localizar fisicamente o portador do aparelho e ver tudo o que há à sua volta.

Chamado PlaceRaider - "invasor de lugares" em tradução livre - o malware captura imagens do entorno da pessoa, traçando um mapa 3D do local, que é enviado para o ladrão das informações.

Como ficar tirando fotos continuamente demandaria uma banda de transmissão que faria o usuário desconfiar, o PlaceRaider usa o giroscópio e o acelerômetro dos smartphones para instruir o malware a tirar fotos apenas quando elas serão úteis para o invasor.

Assim, ele não aciona a câmera quando o telefone está sobre a mesa ou no bolso do usuário.

Para certificar-se de que a vítima não desconfie mesmo de nada, o PlaceRaider silencia os sons do fechamento do obturador da câmera e também cobre a imagem de visualização que normalmente aparece quando uma foto é tirada.

Guerra eletrônica

Com uma sequência adequada de fotos, o programa constrói um modelo 3D do ambiente do usuário, que pode então ser examinado para bisbilhotar detalhes de sua vida pessoal, ou para encontrar informações ou objetos valiosos.

O malware PlaceRaider pode ser escondido dentro das chamadas apps, aplicativos que são baixados pelos usuários para funções específicas ou para divertimento.

Seguindo os pesquisadores, trata-se de um invasor de alta tecnologia, que provavelmente só poderá ser replicado por pessoal ligado a governos e universidades.

Assim, além de ser uma versão do Grande Irmão nunca imaginada por George Orwell, é fácil ver na espionagem industrial um foco de ação privilegiado para a nova arma da nunca declarada guerra eletrônica.

Bibliografia:

Artigo: PlaceRaider: Virtual Theft in Physical Spaces with Smartphones
Autores: Robert Templeman, Zahid Rahman, David Crandall, Apu Kapadia
Revista: arXiv
Link: http://arxiv.org/abs/1209.5982
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