Com informações da New Scientist - 17/05/2017
Tão longe, tão perto
Com tantas estrelas no céu, parece natural assumir que a mais próxima de nós seria o melhor alvo para inaugurarmos uma era de viagens interestelares, já que seria mais rápido chegar até lá.
Mas não é bem assim - pelo menos não com a tecnologia que parece mais ao nosso alcance.
Um trio de astrofísicos do Instituto Max Planck para Pesquisa de Sistemas Solares, na Alemanha, garante que poderíamos alcançar e orbitar Sirius, a estrela mais brilhante do nosso céu noturno, em apenas 69 anos.
Isto apesar do fato de que ela está duas vezes mais distante do que as nossas estrelas mais próximas, no sistema Alfa Centauro, cuja viagem exigiria mais de um século.
Os resultados surpreenderam os pesquisadores, mas eles afirmam que a matemática é simples.
Ir à estrela ou passar pela estrela
Tudo começou com o projeto Starshot, que anunciou a intenção de enviar nanonaves espaciais a Alfa Centauro em uma viagem de 20 anos.
Logo em seguida, René Heller e seus colegas se deram conta de que, se tudo corresse conforme planejado, as nanonaves passariam chispando pela estrela e seus planetas, com apenas alguns segundos para coletar dados - mais ou menos como a sonda New Horizons passou por Plutão, viajando rápido demais para conseguir entrar em órbita.
Eles calcularam então que seria necessário brecar a espaçonave, elevando a missão para cerca de 140 anos.
E ninguém iria querer simplesmente passar por um sistema estelar que possui o exoplaneta mais parecido com a Terra que já detectamos.
Viagem a Sirius
Agora a mesma equipe usou seus cálculos para levar em conta que brecar uma espaçonave depende da intensidade disponível de energia luminosa na estrela de destino, já que a missão está sendo projetada para usar uma forma de propulsão chamada vela solar, que aproveita o impulso dos fótons da luz estelar - ou de um canhão laser na Terra, ao menos na parte inicial da viagem.
Sirius está a 8 anos-luz de distância, duas vezes mais do que Alfa Centauro, mas é 16 vezes mais brilhante, de forma que sua luz ajudaria a nave espacial a acelerar e depois desacelerar de modo muito mais intenso.
E, como a trio destaca, a matemática é simples: O tempo que leva para viajar para um sistema estelar e, em seguida, conseguir ficar por lá, é uma função da distância dividida pela raiz quadrada da luminosidade da estrela. Assim, levaria menos tempo para viajar para Sirius em comparação com Alfa Centauro.
Os resultados apontam um tempo de viagem de 69 anos para visitar Sirius - contra os 140 anos para visitar Alfa Centauro.