Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2014
Tesla versus Edison
No final do século XIX, travou-se uma batalha que definiria toda a atual infraestrutura elétrica mundial.
De um lado, Thomas Edison propunha a adoção da corrente contínua (CC); do outro, Nikola Tesla propunha a adoção da corrente alternada (CA).
Tesla venceu. Contudo, apesar de sua genialidade, ele nunca foi bem-sucedido nos negócios, e coube a George Westinghouse, entre outros, transformar suas ideias em projetos práticos e lucros.
Agora, três pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, acreditam que é hora de refazer esse trajeto e lançar um novo projeto, voltado não apenas para a renovação da economia e a geração de lucros, mas também para garantir o bem-estar das populações e gerar menos impacto para o meio ambiente.
Para isso, eles defendem a conversão de toda a rede de distribuição elétrica para corrente contínua - o tipo de energia disponibilizado pelas pilhas e baterias.
Conversão para corrente contínua
"Seu laptop roda com alguns poucos volts de corrente contínua, que precisam ser convertidos de corrente alternada," afirma Gregory Reed, que está propondo a ideia juntamente com seus colegas Bopaya Bidanda e John Camillus.
Mas não são só os computadores: praticamente todos os aparelhos eletrônicos, em casa e no escritório, possuem uma "fonte de alimentação" necessária para receber a corrente alternada da rede elétrica e transformá-la na corrente contínua necessária para alimentar seus circuitos.
"Pouquíssimos itens de hoje exigem corrente alternada trifásica. O uso e o desenvolvimento do mix energético de hoje torna a transição para a corrente contínua mais sensata e viável para a disponibilização de energia no futuro," acrescenta Reed.
Para isso, ele e seus colegas estão trabalhando em sistemas de corrente contínua de alta tensão, e planejam testá-los em microrredes de distribuição de alcance residencial e industrial. Os testes iniciais serão feitos em condomínios nos EUA e na Índia.
Corrente contínua é verde
O trio defende o potencial de uma rede de distribuição de corrente contínua para melhorar o nível de vida das populações mais pobres, afirmando que essa tecnologia permite combinar melhor o crescimento econômico com os benefícios sociais.
Isto porque, como a maior parte do nosso consumo é de corrente contínua, é muito mais fácil e barato desenvolver sistemas de armazenamento de energia fora da rede, em nível local, para beneficiar pequenas comunidades e romper com a tradição das grandes usinas.
Por exemplo, painéis de energia solar podem armazenar parte da energia em baterias e fornecê-las diretamente às casas, sobretudo em comunidades de baixa renda.
Segundo Bopaya Bidanda, isto pode "realmente mudar a vida de uma aldeia. Pode ser transformador. E mesmo olhando para a transmissão de longa distância, ela está começando a se tornar uma alternativa mais atraente do que a corrente alternada."
"A corrente contínua é verde. A corrente contínua beneficia o meio ambiente. A geração local de energia renovável é naturalmente CC, não CA. E a iluminação e os motores CC são muito mais eficientes. Há um enorme potencial para as empresas que se aproveitarem das economias e incentivos governamentais oferecidos pela CC," acrescentou John Camillus.
Os três pesquisadores planejam demonstrar suas ideias na prática instalando uma microrrede autossuficiente, contando com painéis solares, turbinas eólicas de pequeno porte, células a combustível e geradores a gás.
"Nós não estamos necessariamente dizendo que Edison estava certo. Ele não estava no seu tempo. Mas ele estaria hoje," conclui Reed.