Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/12/2007
Que tal se livrar de vez do perigo da radiação e, em vez de fazer um raio-X, fazer um raio-T? Ou, ao passar pela vigilância do aeroporto, não precisar mais abrir as malas ou mesmo ser apalpado pelos guardas?
Raios-T portáteis
Esta é a promessa dos raios-T - também conhecidos como radiação terahertz, - uma promessa que ficou um pouco mais próxima da realidade graças à construção de um gerador de raios nessa freqüência que poderá permitir a construção de fontes de raios-T praticamente portáteis.
A radiação terahertz fica na porção do espectro eletromagnético situada depois das microondas e antes do infravermelho. Ao contrário das outras faixas do espectro, gerar radiação nessa freqüência é um desafio que não pode ser vencido com os circuitos elétricos convencionais.
"Exatamente ao redor de 1 terahertz você tem uma faixa de freqüências onde nunca houve qualquer fonte de boa qualidade de estado sólido," explica o Dr. Ulrich Welp, do Laboratório Argonne, nos Estados Unidos.
Junções Josephson
Para resolver o problema, Ulrich se uniu aos seus colegas da Universidade de Tsukuba, no Japão, que conseguiram fabricar cristais que contêm várias junções Josephson empilhadas. Essas junções possuem uma propriedade elétrica única: quando uma tensão é aplicada a elas, uma corrente alternada flui para frente e para trás na junção a uma freqüência que é proporcional à intensidade da tensão - este é o chamado efeito Josephson.
Essa corrente alternada então produz campos eletromagnéticos cuja freqüência é ajustada pela tensão elétrica aplicada. Mesmo uma pequena tensão - na casa dos milivolts por junção - pode induzir freqüências na faixa dos terahertz. Como cada junção é minúscula, os cientistas conseguiram empilhar 1.000 delas, a fim de obter uma maior potência.
Radiação não-ionizante
Ao contrário dos raios-X, os raios-T não possuem energia suficiente para ionizar um átomo, atingindo seus elétrons muito fracamente. É essa ionização que causa danos celulares que podem levar a doenças na pele e até câncer.
Como os raios-T são não-ionizantes, da mesma forma que as ondas de rádio ou a luz visível, as pessoas expostas aos raios-T não terão efeitos colaterais. A radiação terahertz consegue penetrar cerca de meio centímetro na pele humana, o que deverá permitir que os médicos tenham uma ferramenta muito mais poderosa para a detecção de doenças como o câncer de pele e o câncer de mama (veja Raios-T poderão tornar detecção de doenças muito mais fácil).