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Rocha mais antiga na Terra é mais velha que o Sol

Com informações da BBC e Univ.Chicago - 14/01/2020

Rocha mais antiga na Terra é mais velha que o Sol
Alguns dos grãos pré-solares no meteorito de Murchison parecem ter vindo de estrelas destruídas antes que o Sol fosse formado.
[Imagem: ESA/Hubble/NASA/Janaína Ávila]

Rochas pré-solares

Uma equipe internacional de cientistas descobriu o material mais antigo conhecido na Terra ao analisar um meteorito.

Eles descobriram grãos de poeira dentro da rocha espacial - que caiu na Austrália na década de 1960 - com até 7,5 bilhões de anos.

Ou seja, o mais antigo dos grãos de poeira encontrado no meteorito foi formado em estrelas que existiam muito antes do nosso Sistema Solar nascer - o saber científico atual estabelece que o Sol tem 4,6 bilhões de anos e a Terra, 4,5 bilhões de anos de idade.

O trabalho contou com a orientação da geóloga brasileira Janaína Ávila, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atualmente professora na Universidade Nacional Australiana.

Poeira de estrelas

Quando as estrelas morrem, as partículas formadas dentro delas são lançadas ao espaço. Essa poeira de estrelas pode acabar sendo incorporada a novas estrelas, planetas, luas e meteoritos.

"São amostras sólidas de estrelas, poeira estelar real", disse Philipp Heck, da Universidade de Chicago, nos EUA.

Rocha mais antiga na Terra é mais velha que o Sol
O meteorito de Murchison caiu na Terra em 1969.
[Imagem: James St John]

Por isso, a equipe retirou uma pequena amostra do meteorito para estudar. "Começamos com a trituração de fragmentos do meteorito," contou a pesquisadora Jennika Greer, da Universidade de Chicago. "Depois que todas as peças são segregadas, vira uma espécie de pasta e tem uma característica pungente - cheira a manteiga de amendoim podre."

Em seguida, esta pasta difusa foi dissolvida em ácido, deixando apenas a poeira estelar.

Para descobrir a idade dos grãos, os pesquisadores mediram quanto tempo eles foram expostos aos raios cósmicos no espaço. Esses raios são partículas de alta energia que viajam pelas galáxias e penetram na matéria sólida.

Alguns desses raios interagem com o material que encontram e formam novos elementos. Quanto maior o tempo de exposição, mais esses elementos se formam. Assim, medir quanto dos novos elementos estão presentes diz por quanto tempo o grão foi exposto aos raios cósmicos, permitindo calcular sua idade. Os pesquisadores usaram uma forma particular (isótopo) do elemento neônio - Ne-21 - para datar os grãos.

Rocha mais antiga na Terra é mais velha que o Sol
Dois tipos de grãos pré-solares estudados, ambos de carbeto de silício (SiC).
[Imagem: Heck et al. - 10.1073/pnas.1904573117]

Rocha mais antiga na Terra

Alguns dos grãos acabaram se revelando os mais antigos já descobertos. A maioria tinha entre 4,6 e 4,9 bilhões de anos. No entanto, o mais antigo revelou uma data de cerca de 7,5 bilhões de anos.

Até hoje, o grão pré-solar mais antigo datado usando esta mesma técnica tinha cerca de 5,5 bilhões de anos.

"Tenho certeza de que existem minerais pré-solares mais antigos no Murchison e outros meteoritos, mas ainda não os encontramos," disse Heck.

Dados como este contribuem para o debate sobre se novas estrelas se formam a uma taxa constante ou se há altos e baixos no número de novas estrelas ao longo do tempo.

"Graças a esses grãos, agora temos provas diretas de um período de formação estelar aprimorada em nossa galáxia, sete bilhões de anos atrás, com amostras de meteoritos. Essa é uma das principais conclusões de nosso estudo," disse Heck.

Outra informação importante é a confirmação de que grãos oriundos de explosões estelares podem flutuar juntos no espaço presos e formar aglomerados. "Ninguém pensou que isso fosse possível nessa escala," explicou Heck.

Bibliografia:

Artigo: Lifetimes of interstellar dust from cosmic ray exposure ages of presolar silicon carbide
Autores: Philipp R. Heck, Jennika Greer, Levke Kööp, Reto Trappitsch, Frank Gyngard, Henner Busemann, Colin Maden, Janaína N. Ávila, Andrew M. Davis, Rainer Wieler
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.1904573117
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