Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/02/2012
Robô artista
O jeitão truculento de robô industrial não consegue fazer jus aos dotes artísticos do robô-pintor criado por engenheiros do Instituto Fraunhofer, na Alemanha.
O robô consegue desenhar rostos usando seus próprios "talentos algorítmicos".
E seu trabalho de alto nível tem uma vantagem adicional: o modelo não precisa ficar parado por horas e até dias, como acontece nas obras de arte feitas por artistas humanos.
Inicialmente a câmera do robô tira uma foto de quem se senta no banquinho de modelos - e, do ponto de vista do modelo, isso é tudo, ele já pode sair e ir tomar um café enquanto espera pelos cerca de 10 minutos que leva para a obra de arte ficar pronta.
A maior parte desse tempo é gasto no processamento, já que robôs industriais costumam ser muito rápidos naquilo que se propõem a fazer.
Arte robótica
"Nós usamos um processo de avaliação da imagem que essencialmente equipa o robô com um sentido de visão," afirma Martina Richter, coordenadora do projeto.
A tarefa consiste basicamente em encontrar contornos na foto, o que é feito localizando diferenças de contraste. Feito isso, as linhas dos contornos são traduzidas em coordenadas para o robô aplicar seus traços.
"Nós demos grande importância ao aspecto artístico dos desenhos. Mas, por outro lado, nós também equipamos o robô com um sistema automático que permite que ele cumpra todas as etapas por si mesmo. Com isso, nós criamos uma interface entre arte, ciência e tecnologia," afirma Martina.
O aspecto artístico não é fácil de simular.
Embora todos os programas de edição gráfica possuam algoritmos capazes de identificar contornos em imagens, descartar o sinal de uma pequena ruga de expressão sem fazer o mesmo com os sutis contornos dos olhos não é uma tarefa simples.
Aplicações reais
Tudo isto pode parecer brincadeira, mas não é.
O experimento mostra o quanto pesquisas em uma área podem produzir frutos em outras aparentemente sem nenhuma conexão - um dos elementos-chave no processo de inovação tecnológica, que muitas vezes consiste em descobrir usos novos para desenvolvimentos inicialmente despretensiosos.
O aprimoramento do robô desenhista apresentou ganhos para o trabalho real no dia-a-dia desse mesmo robô: analisar as reflexões ópticas das superfícies de vários materiais.
Em fazer de fazer retratos, o robô circula a amostra do material em um padrão hemisférico, fazendo uma espécie de curva de nível da forma como o material reflete a luz - a chamada característica de reflexão espacial.
Isto é importante, por exemplo, para o projeto de materiais reflexivos, como as placas de estradas, que devem refletir a maior parte possível da luz em uma direção específica - para os olhos do motorista.