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Reação química complexa destrói brilho das obras de Van Gogh

Com informações da Agência Fapesp - 15/02/2011

Reação química complexa destrói brilho das obras de Van Gogh
A parte de cima da imagem mostra uma simulação do quadro Margem do Rio Sena em 1887, hoje e 2050. Embaixo, à esquerda, amostras microscópicas do quadro, moldadas em polímero; no centro, microscopia eletrônica dos grãos de pigmento do quadro; à direita, microscopia por raio X.
[Imagem: ESRF/Antwerp University/Van Gogh Museum]

Um grupo internacional de cientistas descobriu uma reação química complexa responsável pela deterioração de algumas das grandes obras artísticas da história, produzidas por Vincent van Gogh (1853-1890) e outros pintores famosos no século 19.

A descoberta poderá ajudar a barrar o processo que faz com que as telas percam seu brilho e suas cores, como as obras de Van Gogh, cujo admirado amarelo brilhante tem-se tornado um apagado marrom com o passar do tempo.

Raios X e luz síncrotron

Para desvendar os segredos da reação química, os cientistas empregaram diversas técnicas e ferramentas de observação e análise, entre as quais raios X que usam luz síncrotron.

Além da análise de obras, o grupo também examinou tubos de tinta conservados desde a época de Van Gogh.

Os pesquisadores envelheceram os pigmentos artificialmente e verificaram que o escurecimento da camada superior estava relacionado com uma redução do cromo na tinta de Cr(VI) para Cr(III).

Os raios síncrotron, com comprimentos de onda muito pequenos, revelaram o que ocorre na finíssima camada entre a tinta e o verniz.

A luz solar é capaz de penetrar apenas alguns micrômetros na tinta, mas o suficiente para disparar uma reação que transforma o amarelo em pigmentos marrons, alterando a composição original da peça.

"O estudo terá continuidade e queremos entender quais são as condições que favorecem a redução do cromo e se há algo que possamos fazer para reverter os pigmentos para seu estado original em telas em que esse processo está em curso", disse Koen Janssens, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, que dirigiu o estudo.

O brilho das cores de Vang Gogh

A decisão de Van Gogh de usar cores brilhantes e novas para a época é considerada um dos grandes momentos na história da arte. O artista holandês escolheu cores que destacassem emoção, em vez de usá-las realisticamente, como era a norma na época.

Sem as inovações na fabricação de pigmentos ocorrida no século 19, essa escolha não teria sido possível. Foi a intensidade dos novos pigmentos, como o amarelo de cromo, que permitiram que Van Gogh atingisse a maestria de obras como a série de girassóis.

O holandês começou a usar as cores mais brilhantes após se mudar para a França, onde conheceu outros artistas, como Paul Gauguin, que compartilharam com ele as ideias inovadoras.

Bibliografia:

Artigo: Degradation Process of Lead Chromate in Paintings by Vincent van Gogh Studied by Means of Synchrotron X-ray Spectromicroscopy and Related Methods. 2. Original Paint Layer Samples
Autores: Letizia Monico, Geert Van der Snickt, Koen Janssens, Wout De Nolf, Costanza Miliani, Joris Dik, Marie Radepont, Ella Hendriks, Muriel Geldof, Marine Cotte
Revista: Analytical Chemistry
Data: February 14, 2011
Vol.: 83 (4), pp 1224-1231
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