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Espaço

Ferramenta mensura risco do impacto de asteroide na Terra

Com informações da ESA - 04/07/2016

Programa mensura risco de impacto de asteroides
Representação de um impacto de risco genérico e hipotético, expresso pelo programa na forma de um "corredor de risco", com base nos dados sobre a órbita do objeto.
[Imagem: Clemens Rumpf]

Corredor de risco

O pesquisador Clemens Rumpf ainda nem terminou seu doutoramento, mas seu trabalho já chamou a atenção das principais entidades do mundo envolvidas com a avaliação do risco de um impacto de um asteroide sobre a Terra.

Clemens está desenvolvendo um programa de computador que produz uma visualização rápida e precisa sobre os potenciais locais de impacto de asteroides recém-descobertos e as consequências do eventual impacto para a humanidade.

O programa, chamado ARMOR (Asteroid Risk Mitigation and Optimization Research tool, ou Ferramenta de Mitigação de Risco de Asteroides e Otimização de Pesquisa), produz imagens como a acima, na qual a linha vermelha espessa que serpenteia através da superfície da Terra representa um "corredor de risco" para um eventual impacto de um asteroide, baseado na sua trajetória observada através do espaço.

Conforme os dados sobre o asteroide vão sendo refinados, o corredor vai ficando cada vez mais fino e mais curto, até chegar a um único ponto - o ponto de impacto.

"Tenho trabalhado no ARMOR como parte do meu doutoramento na Universidade de Southampton," explica Clemens. "A avaliação de risco de asteroides conta atualmente com as escalas de Torino e Palermo, mas estes são números abstratos que não transmitem as consequências práticas de um impacto.

Aspectos reais de um impacto real

"O programa ARMOR tenta expressar os resultados de um impacto de um asteroide de uma forma que é diretamente comparável a outros desastres naturais, usando a mesma metodologia que os governos já empregam. No caso de enchentes, por exemplo, uma vez passado um certo nível de risco limite, a decisão é tomada para implementar equipes de resposta e construir muros de contenção.

"No caso de asteroides, uma resposta apropriada poderá ser usar tempo extra de telescópios para diminuir nossa incerteza quanto à órbita do asteroide, ou enviar uma sonda espacial para observação local e descartar qualquer ameaça, ou, em último recurso, planejar uma operação de deflexão do gênero da proposta Missão Impacto de Asteroide, da qual ESA irá participar," resumiu o pesquisador.

Clemens fez uma apresentação do seu trabalho na semana passado a pedido do escritório de Conceitos Avançados da Agência Espacial Europeia (ESA), um grupo de especialistas que está trabalhando, entre outros temas, com a pesquisa de deflexão de asteroides, ou seja, como desviar um asteroide caso ele cisme de mirar diretamente no nosso planeta. O ARMOR também foi apresentado recentemente ao Grupo de Planejamento e Assessoria de Missões Espaciais das Nações Unidas, que estuda respostas internacionais à ameaça de impactos por asteroides

Programa mensura risco de impacto de asteroides
Esta simulação mostra 69 corredores de risco, para mostrar a natureza internacional do problema.
[Imagem: Clemens Rumpf]

Equação do risco de um impacto profundo

A equação fundamental de risco levada em conta pelo programa considera a "probabilidade" (qual a probabilidade de o evento acontecer?) multiplicada pela "exposição" (que porção de área povoada seria exposta ao evento?) e pela "vulnerabilidade" (quão violento seria o evento?).

A partir de dados disponíveis para os "Objetos Próximos à Terra" (Near-Earth Objects - NEOs), o programa gera resultados para esta equação - expressos em termos de fatalidades esperadas - para potenciais impactos até um século no futuro.

As variáveis-chave para cada possível incidente incluem a velocidade de entrada do corpo - asteroides provenientes de mais longe no Sistema Solar possuem velocidades relativas mais altas - assim como a sua massa e densidade, e ponto de impacto: terreno rochoso ou sedimentar, ou então o oceano. Tsunamis geradas pelo impacto ameaçam ser especialmente devastadoras.

A Universidade Purdue, nos EUA, possui um Simulador do Juízo Final, que permite produzir diversos cenários de impacto e a consequente geração de tsunamis.

Sempre alerta

Embora a sensibilidade coletiva e a vulnerabilidade da sociedade ao impacto de um asteroide na Terra possam ser muito elevadas, a probabilidade de impacto é geralmente muito baixa, como se pode depreender da baixa frequência de grandes impactos de asteroides ao longo da história.

"Mas é claro que a Terra é atingida muitas vezes por asteroides de pequena escala - só é necessário olharmos para o céu à noite para ver as estrelas cadentes causadas por partículas do tamanho de poeira. E uma rede global de estações de infrassom originalmente destinadas a detectar explosões nucleares ilícitas tem revelado explosões no ar na escala da bomba de Hiroshima, que ocorrem na atmosfera cerca de uma ou duas vezes por ano conforme grandes meteoros explodem. A grande explosão de ar sobre Chelyabinsk em 2013 foi uma amostra palpável de como não deveríamos ser complacentes," defende o pesquisador.

Programa mensura risco de impacto de asteroides
A missão AIDA fará o primeiro teste de desvio de um asteroide de sua órbita.
[Imagem: ESA]

Assassinos de civilização

Os dados sobre asteroides do ARMOR vêm da Rede Internacional de Alerta de Asteroides (International Asteroid Warning Network), uma iniciativa global de agências espaciais e astrônomos profissionais e amadores para a detecção e monitoramento de NEOs, com base inicialmente em observações visuais e de radar.

"Resume-se a ver um ponto no céu, não temos a certeza a que distância se encontra, por isso existe uma multiplicidade de diferentes órbitas geométricas possíveis. Assim, o corredor de risco inicial em volta da Terra pode ser bastante largo e longo. Observações posteriores nos permitem descartar muitas dessas órbitas, restringindo o corredor de risco baixo para um ponto," disse Clemens

"O consenso é de que conseguimos identificar até agora apenas 1% do total de NEOs. A boa notícia é que 90% de todos os NEOs maiores do que 1 km de um lado ao outro, classificados como 'assassinos de civilização', foram encontrados. Asteroides menores apresentam um maior desafio de detecção porque refletem menos luz. A explosão de ar em Chelyabinsk em 2013 deveu-se a um asteroide de 17 metros, por exemplo.

"Por isso é necessário mais tempo de observação com novos telescópios para encontrá-los, e o ARMOR pode ajudar a determinar o regime do tamanho dos asteroides que estes telescópios devem focar," concluiu o pesquisador.

O primeiro esforço prático nesse sentido será a missão AIDA (Asteroid Impact and Deflection Assessment, ou Avaliação do Impacto e Deflexão de um Asteroide:

Bibliografia:

Artigo: The global impact distribution of Near-Earth objects
Autores: Clemens Rumpf, Hugh G. Lewis, Peter M. Atkinson
Revista: Icarus
Vol.: 265, Pages 209-217
Link: http://arxiv.org/abs/1511.09299

Artigo: Global Asteroid Risk Analysis
Revista: Clemens Rumpf
Link: http://arxiv.org/abs/1410.4471
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