Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/06/2016
Simulação de buraco negro
Uma simulação inédita mostra que, ao contrário do que os físicos têm proposto, objetos que caiam em um buraco negro em rotação não seriam esmagados pela gravidade descomunal.
Isso dá suporte a alguns cenários de ficção científica, como do filme Interestelar. Embora a imagem do buraco negro do filme tenha sido produzida por uma simulação científica, a ideia de que buracos negros são portais para outros universos - ou atalhos para outros locais no nosso próprio universo, ou máquinas do tempo - ainda são controversas.
O que é fato é que o trabalho agora publicado representa a primeira metodologia para simulações de computador dos buracos negros rotativos.
"Buracos negros não rotacionais vêm sendo estudados em simulações de computador há décadas. Nós desenvolvemos a primeira simulação em computador de como os campos físicos evoluem quando se aproxima do centro de um buraco negro em rotação," explica Lior Burko (Universidade Georgia Gwinnett), que fez o trabalho juntamente com Gaurav Khanna (Universidade de Massachusetts) e Anil Zenginoglu (Universidade de Maryland).
Sobreviver em um buraco negro
A teoria mais aceita hoje estabelece que, no centro de um buraco negro - conhecido como singularidade -, a densidade e a gravidade são infinitas, o que resulta em que as leis da física e o espaço-tempo simplesmente deixam de existir.
Mas a simulação revelou um resultado surpreendente: mesmo ainda fora do buraco negro, caindo a partir do seu horizonte de eventos, corpos que tenham a infelicidade de serem sugados pela gravidade descomunal podem não ser destruídos.
Em outras palavras, seria teoricamente possível "sobreviver" a uma queda em um buraco negro, o que deixa o caminho aberto para especulações sobre as possibilidades de sondar o seu interior - como na ficção do filme Interestelar.
Viagens no hiperespaço
Stephen Hawking já havia proposto que pode ser possível escapar de um buraco negro, mas a nova teoria não fala apenas de informações ejetadas de volta, e sim da não destruição da matéria que cai.
"Tem sido frequentemente assumido que objetos se aproximando de um buraco negro são esmagados pela gravidade crescente. No entanto, descobrimos que, embora as forças gravitacionais aumentem e se tornem infinitas, elas o fazem tão rápido que sua interação permite que objetos físicos fiquem intactos conforme se movem em direção ao centro do buraco negro.
"Portanto, a simulação é consistente com aspectos de cenários populares da ficção científica, nos quais os buracos negros são usados como portais para viagens no hiperespaço, que exigem que as naves espaciais, e os astronautas dentro delas, permaneçam intactos," explicou Burko.