Com informações da Agência Fapesp - 15/10/2014
Pesquisadores portugueses e espanhóis vieram ao Brasil mostrar seu nanotermômetro, uma inovação que eles estão tentando transformar em produto.
"Já submetemos uma patente do dispositivo na Europa e nos Estados Unidos, e algumas empresas se interessaram pela ideia", disse Luis António Dias Carlos, da Universidade de Aveiro (Portugal), que desenvolveu o dispositivo em colaboração com colegas da Universidade de Zaragoza (Espanha) em 2010.
O nanotermômetro é capaz de medir variações de temperatura em nível molecular.
Ele é baseado em materiais luminescentes (emissores de luz), como nanopartículas de íons lantanídeos trivalentes európio (Eu3+), térbio (Tb3+), itérbio (Yb3+) e érbio (Er3+).
Ao serem excitados por radiação ultravioleta - com energia mais elevada -, os íons Eu3+ e Tb3+ emitem luz nas regiões espectrais do vermelho e do verde com intensidades que variam de acordo com a temperatura do material sobre o qual estão dispersos.
Dessa forma, é possível medir a temperatura analisando as variações de intensidade da emissão de luz dos íons à distância, sem a necessidade de contato físico entre o termômetro e o material que se pretende analisar.
Como os íons lantanídeos podem ser dissolvidos ou dispersos em fluidos biológicos (como sangue, por exemplo), o nanotermômetro pode ser utilizado em meios líquidos, segundo o pesquisador português.
Nanotermometria
"O nanotermômetro luminescente permite medir a temperatura de uma forma não invasiva com alta resolução espacial", avaliou o pesquisador. "Fomos um dos primeiros grupos de pesquisa no mundo a propor o conceito de nanotermometria baseado na emissão de luz de íons lantanídeos."
De acordo com o pesquisador, uma possibilidade do uso do nanotermômetro luminescente está no mapeamento de temperatura com uma resolução especial de 1 micrômetro, como a de células tumorais.
"Sabe-se que a temperatura das células cancerosas é mais elevada do que a das células normais e que elas não resistem a temperatura superior a 42 ºC", disse ele.
Segundo ele, a medição da temperatura é crucial para inúmeros estudos científicos e desenvolvimentos tecnológicos e representa de 75% a 80% por cento do mercado mundial de sensores.