Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/01/2014
Junção sem costura
Em tempos de grafeno, grafeno 3D, carbino, boroceno e outros, parece cada vez mais necessário desenvolver uma capacidade de costurar esses materiais unidimensionais uns nos outros.
Isto é necessário para unir os materiais 2-D aos eletrodos que permitirão sua integração a outros dispositivos eletrônicos, ou para viabilizar a criação de novos tipos de materiais híbridos, que juntem camadas atômicas de materiais diferentes.
Foi justamente isso que fizeram Lei Liu e An-Ping Li, do Laboratório Nacional Oak Ridge, nos Estados Unidos.
"O grafeno tem um grande potencial, mas ele tem limites. Para fazer uso do grafeno em aplicações ou aparelhos, é preciso integrar o grafeno com outros materiais," justificou Li.
Então, ele e seus colegas desenvolveram uma técnica pioneira para "costurar" folhas monoatômicas de dois materiais diferentes, que se juntam de forma coesa - os cientistas chamam o resultado final de "material sem costuras".
Interface
A técnica mais comumente usada para combinar materiais diferentes em heteroestruturas é a epitaxia, na qual um material é cultivado em cima do outro de tal modo que ambos assumam a mesma estrutura cristalina.
Para juntar os materiais 2-D, a equipe fez com que esse processo de crescimento ocorresse na horizontal, em vez de na vertical.
Isso permitiu combinar dois compostos monoatômicos - grafeno e nitreto de boro - em uma única camada com apenas um átomo de espessura, criando entre eles uma "heterojunção".
"Se quisermos aproveitar o grafeno, temos que fazer uso das propriedades das interfaces, pois, como o Prêmio Nobel Herbert Kroemer disse uma vez, 'a interface é o componente'," disse Li. "Com esta interface 1-D limpa e coerente, a nossa técnica nos dá a oportunidade de fabricar componentes baseados em grafeno para aplicações reais."