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LHC observa bóson de Higgs dando massa às partículas

Com informações da Agência Fapesp - 15/06/2018

LHC detecta ligação do bóson de Higgs com o quark top
O CMS é um dos quatro grandes detectores do LHC, juntamente com o Atlas, Alice e LHCb.
[Imagem: CERN/CMS]

Velha e boa física

O tão esperado acoplamento do bóson de Higgs com o quark top foi, finalmente, obtido no Large Hadron Collider (LHC), o grande colisor de hádrons, situado na fronteira franco-suíça.

O evento foi detectado de forma independente pelas duas principais equipes internacionais que atuam no LHC: a CMS e a Atlas.

"Como o bóson de Higgs participa do processo que produz as massas de todas as partículas, esperava-se que ele interagisse com as partículas proporcionalmente às suas massas. Isto é, que quanto mais pesada a partícula, maior fosse sua interação com o bóson. Trata-se de uma característica muito específica, que, segundo o Modelo Padrão, apenas o bóson de Higgs possui. Então, investigar se isso realmente ocorre experimentalmente é uma maneira muito forte de corroborar o modelo," explicou o professor Sérgio Novaes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e um dos brasileiros que participam da colaboração internacional CMS.

"Com as partículas leves, o acoplamento é pequeno e difícil de medir. Havia, portanto, uma grande expectativa em relação ao acoplamento do bóson de Higgs com o quark top, que é uma partícula muito pesada, mais pesada inclusive do que o próprio Higgs, com massa superior a 172 GeV/c2. Finalmente, conseguimos detectar e medir essa interação. E chegamos à conclusão de que, efetivamente, ocorre aquilo que havia sido predito pelo Modelo Padrão. O Higgs acopla-se proporcionalmente à massa do top. Foi uma grande confirmação do modelo," disse Novaes.

O resultado confirma da acurácia do chamado Modelo Padrão da Física de Partículas, construído coletivamente desde o início dos anos 1960. Isto é motivo tanto de comemoração quanto de preocupação: os físicos sabem que seu modelo não explica tudo, e estão ansiosos por resultados que apontem rumos para uma "nova física", uma física além do Modelo Padrão.

Cadê a massa da matéria?

A afirmação de que o bóson de Higgs confere massa às partículas dá margem, às vezes, a uma interpretação equivocada. O motivo é que se imagina uma partícula entregando massa a outra pontualmente, mas não é disso que se trata.

A melhor ferramenta disponível para descrever esse nível da natureza é a teoria de campos. Nos marcos da mecânica quântica, as partículas não são corpúsculos diminutos, tais como concebidas na física clássica. Partículas são excitações do campo. Toda partícula é, na realidade, o quantum de um determinado campo. O fóton é o quantum do campo eletromagnético. O elétron é o quantum do campo do elétron. O bóson de Higgs é o quantum do campo de Higgs. E assim por diante.

"O campo de Higgs permeia todo espaço, e tem como quantum o bóson de Higgs. Ele se manifesta por meio do bóson, assim como o campo do elétron se manifesta por meio do elétron, e o campo eletromagnético se manifesta por meio do fóton. Segundo o Modelo Padrão, é o campo de Higgs que confere massa às partículas. Ao se manifestarem no espaço, as partículas interagem com ele. E, quanto maior a interação, maior a massa," explicou Novaes.

Assim, por exemplo, embora sejam idênticos quanto à carga (2/3) e ao spin (1/2), os quarks up e top apresentam enorme diferença de massa. A massa do top é quase 80 mil vezes maior. E isso é proporcional ao seu acoplamento ao campo de Higgs.

"O fato de a constante de acoplamento do bóson de Higgs ser proporcional à massa das partículas com as quais ele se acopla é uma predição universal do Modelo Padrão. Essa predição já havia sido corroborada no caso de partículas mais leves. Agora, o acoplamento com o quark top vem reforçar, ainda mais, a efetividade do modelo na descrição das partículas elementares e de suas interações," disse Novaes.

Bibliografia:

Artigo: Observation of tt H Production
Autores: A. M. Sirunyan et al. (CMS Collaboration)
Revista: Physical Review Letters
Vol.: 120, 231801
DOI: 10.1103/PhysRevLett.120.231801
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