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Houston, temos um problema: os cinco maiores improvisos de astronautas

Richard Hollingham - BBC - 06/08/2014


"Houston, temos um problema" são palavras imortalizadas que se tornaram sinônimo de emergência, não só no espaço, mas em qualquer lugar na Terra. (Na realidade, a fala do filme Apollo 13 estaria incorreta, uma vez que a sentença original foi "Houston, nós tivemos um problema").

Missões espaciais são planejadas para serem perfeitas: cada ação e protocolo são acompanhados minuciosamente. Mas pode ser que surjam percalços e situações de emergência.

Às vezes, o problema pode ser resolvido por meio de sensores e equipamentos sofisticados. Outras vezes, pode ser solucionado pelo controle da missão na Terra. Mas, em alguns casos, só mesmo o astronauta colocando a mão na massa, usando o que ele encontrar ao redor e um pouco de improviso para resolver o problema.

A bem da verdade, é inacreditável o que já foi feito e improvisado para salvar as vidas dos astronautas.

Em homenagem a esses viajantes cósmicos que mantiveram sua sanidade quando qualquer um de nós ter perdido, listamos os cinco truques mais memoráveis da corrida espacial:

1. Improvisando uma antena para o satélite

Se, em algum momento de sua história, os programas espaciais lembraram a sequência de abertura do filme Gravidade, isso foi no início de 1980.

Embora nenhum dos astronautas se pareça com o George Clooney, muitas vezes era possível vê-los realizando longas caminhadas espaciais ou reparando satélites.

Em abril de 1985, nove meses antes do desastre do Challenger, a tripulação do ônibus espacial Discovery implantou o satélite LEASAT-3. Mas em poucos minutos, ficou claro que algo estava errado: as antenas de satélite não tinham ficado fixas.

Em vez de abandonar o satélite de US$ 85 milhões, o grupo trabalhou no desenvolvimento de um dispositivo rudimentar que poderia ser utilizado para ativar uma alavanca que estava a bordo do satélite.

Apelidada de "mata-moscas", uma vara de metal improvisada foi construída com as tampas de plástico dos manuais da espaçonave, fita adesiva e um apoio de metal.

Os astronautas David Griggs e Jeff Hoffman fizeram uma caminhada espacial não programada para unir o "mata-moscas" ao braço robótico e Rhea Seddon tentou ressuscitar o satélite. Infelizmente, a ação não teve êxito.

Mas nem tudo estava perdido. Durante outra missão espacial, em agosto, os astronautas James Van Hoften e William Fisher conseguiram instalar um novo módulo no satélite, que foi colocado com sucesso em órbita.

2. Moscou, temos um problema

Às 12:05 do dia 25 de junho de 1997, o cosmonauta Vasili Tsibliyev fez os ajustes finais para atracar manualmente a estação espacial Mir com a nave espacial não tripulada Progress.

Quando Tsibliyev percebeu que algo estava realmente errado, já era tarde demais.

A Progress colidiu com a lateral da estação, houve um tremor e o alarme mestre disparou.

Com seus ouvidos que pareciam explodir devido à queda súbita da pressão causada por um vazamento de ar, o membro da tripulação americana, Michael Foale, seguiu o protocolo e foi para a cápsula Soyuz (a rota de fuga da estação danificada). Mas seus dois parceiros de tripulação, Tsibliyev e Aleksandr Lazutkin, tiveram ideias diferentes.

Lazutkin estava convencido de que a Progress tinha atingido uma área da estação chamada Spektr. Decidiu que a única maneira de salvar a estação e isolar o vazamento de ar seria vedando o módulo Spektr, por onde começou a separar freneticamente as conexões de dezenas de fios que atrapalhavam o acesso à escotilha do módulo. No entanto, ele não conseguiu separar todos os fios.

Em meio ao desespero, ele felizmente encontrou uma pequena faca e furiosamente cortou até o último dos cabos antes de empurrar a tampa da escotilha.

Este não foi o único desastre quase fatal da estação Mir, mas o único episódio onde talheres salvaram o dia.

3. Jogar golfe na lua

Era fevereiro de 1971 e o comandante da Apollo 14 Alan Shepard, o primeiro americano a chegar ao espaço, estava se preparando para seu segundo dia na Lua. Depois de um rápido café da manhã, Shepard e o piloto do módulo lunar, Ed Mitchell, desceram a escada para um dia inteiro de exploração da geologia lunar.

Eles eram membros do primeiro grupo que usou um carrinho de duas rodas, o transportador de equipamentos modulares, arrastando-o pela superfície lunar e rapidamente enchendo-o de pedras.

A dupla estava exausta por escalar uma cratera e o controle da missão queria que eles voltassem para o módulo. Mas Shepard precisava realizar uma última tarefa.

"Houston - disse Shepard, segurando um cabo longo do dispositivo usado para coletar amostras de rocha - vocês podem reconhecer o que eu tenho na minha mão?".

Na sala de controle, todos olhavam para os monitores de vídeo. "O que acontece é que eu tenho um taco número seis de verdade na parte inferior."

Sem ninguém saber, Shepard tinham improvisado um taco de golfe. Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma bola, que deixou cair na poeira e a golpeou. Apesar da onda de poeira, a bola percorreu apenas alguns metros. O resultado alcançado com a segunda bola foi melhor: ela fez até uma curva.

Desde então, muito se fala sobre o alcance da bola: apenas um retorno à Lua esclareceria qual distância realmente a bola percorreu.

4. A caneta especial de Buzz

Muitas coisas podem dar errado em uma missão espacial (desde a grande explosão do foguete Saturno 5 na plataforma de lançamento até o incêndio de uma cápsula ao retornar), mas algo relativamente menor já deixou uma tripulação em apuros.

Depois de retornar de sua primeira caminhada na lua, Buzz Aldrin notou um objeto estranho no chão do módulo lunar. Podia ver que era a parte superior de um disjuntor essencial, aquele que ligava o foguete para tirá-los da superfície.

Em outras palavras, o interruptor estava quebrado e, a menos que fosse reparado, não se iria a lugar nenhum.

Aldrin avisou para os controladores na Terra, que começaram a trabalhar para encontrar uma solução.

Enquanto isso, na lua, Aldrin e Armstrong olharam ao redor procurando improvisar uma solução. Em um momento de inspiração, Aldrin percebeu que se enganchasse a ponta de uma caneta sem tinta no interruptor quebrado poderia fazer com que os contatos se tocassem e, assim, conseguiriam voltar para casa.

No momento da decolagem, sua teoria funcionou bem e assim nasceu outro lendário truque espacial.

5. Purificador de ar

Nenhuma lista estaria completa sem o improviso que salvou a tripulação da Apollo 13 da asfixia.

Eram 21h08 do dia 13 de abril, a 320 quilômetros da Terra. A tripulação da Apollo 13 estava no segundo dia de missão, dirigindo-se à Lua a 40.000 km/h quando houve uma explosão na nave espacial.

A tripulação sobreviveu e colocou a nave em uma trajetória ao redor da Lua com o objetivo de retornar à Terra.

A viagem levaria quatro dias e o sucesso dependeria da construção de um aparelho de purificação de ar - que garantiria a sobrevivência dos astronautas.

Em Houston, os engenheiros começaram a criar um purificador que pudesse ser construído apenas com os materiais disponíveis na nave.

Usando duas latas de hidróxido de lítio, as capas do plano de voo, sacos plásticos, fita adesiva e uma meia molhada os astronautas construíram a engenhoca. Quando ela começou a funcionar, o nível de dióxido de carbono da nave caiu, salvando a tripulação.

Lições a aprender

Então, quais lições se pode aprender com os truques feitos no espaço? Em primeiro lugar, que vale a pena manter a calma em situações de alta pressão - inclusive quando a nave estiver perdendo oxigênio nas profundezas do espaço.

Em segundo lugar: que a capacidade de improvisação é essencial para qualquer astronauta.

E, em terceiro: é aconselhável sempre levar uma boa quantidade de fita adesiva.

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