Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/04/2015
Bactérias com semicondutores
Pesquisadores desenvolveram um sistema híbrido formado por uma floresta de nanofios semicondutores e bactérias que, atuando em conjunto, imitam o processo fotossintético natural pelo qual as plantas usam a energia do Sol para sintetizar carboidratos a partir do dióxido de carbono (CO2) e da água.
E com uma grande vantagem: este sistema de fotossíntese artificial sintetiza dióxido de carbono e água em acetato, o elemento mais comum em uso hoje para a biossíntese.
Isto está sendo considerado um avanço significativo no campo da fotossíntese artificial porque o sistema pode capturar as emissões de dióxido de carbono antes que elas sejam lançadas na atmosfera e, em seguida, alimentado por energia solar, converter o CO2 em produtos químicos importantes, incluindo plásticos biodegradáveis, precursores de medicamentos e até mesmo combustíveis líquidos.
"Acreditamos que o nosso sistema é um salto revolucionário no campo da fotossíntese artificial. Nosso sistema tem o potencial de fundamentalmente mudar a indústria química e do petróleo, na medida que podemos produzir produtos químicos e combustíveis de uma forma totalmente renovável, em vez de extraí-los do subsolo," entusiasma-se o professor Peidong Yang, dos Laboratórios Berkeley, nos Estados Unidos.
Fotossíntese artificial
"Na fotossíntese natural, as folhas capturam a energia solar e o dióxido de carbono é reduzido e combinado com água para a síntese de produtos moleculares que formam a biomassa," explica Christopher Chang, outro membro da equipe.
"No nosso sistema, os nanofios coletam a energia solar e liberam os elétrons para as bactérias, onde o dióxido de carbono é reduzido e combinado com água para a síntese de uma variedade de produtos químicos específicos e de alto valor agregado," completou.
A abordagem usada pela equipe é vista como promissora para vários campos: as células solares de nanofios estão entre as recordistas em termos de eficiência. Além disso, esses nanofios podem ser usados como "antenas" para capturar a energia solar. Enquanto isso, a junção de bactérias com nanopartículas promete viabilizar a criação de "materiais vivos", que poderão ser adaptados para vários usos.
Combinando matrizes de nanofios biocompatíveis com um grupo restrito de bactérias (Sporomusa ovata e E. coli geneticamente modificadas para sintetizar produtos químicos selecionados), o novo sistema de fotossíntese artificial oferece uma abordagem absolutamente benéfica para o meio ambiente: a energia solar "verde" evita que o dióxido de carbono seja liberado na atmosfera e ainda o transforma em produtos químicos que precisariam de mais petróleo e gás natural para serem produzidos.
O desafio da equipe agora é otimizar o rendimento do sistema e ampliá-lo para a produção de quantidades de produtos químicos industrialmente significativas.