Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/02/2015
Conhecimento para o futuro
A grande maioria do conhecimento humano desenvolvido desde o advento dos computadores está armazenado em discos rígidos e discos ópticos - isto inclui a grande maioria das publicações científicas, agora quase totalmente editadas digitalmente.
O problema é que a obsolescência tecnológica começa a preocupar.
Basta encontrar um disquete no fundo de uma gaveta e tentar ler o seu conteúdo para saber o que significa obsolescência tecnológica. Isto sem contar o curto tempo de vida útil dessas mídias, por volta de uma década, e a incapacidade dos programas atuais para entenderem os arquivos antigos.
Robert Grass e seus colegas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, acreditam que a saída para preservar o conhecimento atual e os registros do modo de vida da atualidade para as gerações futuras pode estar no DNA.
Fóssil sintético
Já se sabe que os dados gravados em moléculas de DNA batem recordes de densidade, mas o problema está na hora de ler esses dados de volta: a degradação química e os erros no sequenciamento dão pouca confiabilidade a essa mídia biológica.
Mas Grass e seus colegas descobriram uma técnica que, segundo eles, permitirá o armazenamento de dados em moléculas de DNA e sua recuperação segura por mais de um milhão de anos.
Para isso, depois de gravar as informações no DNA, basta encapsular as moléculas em vidro, criando uma espécie de "fóssil sintético". A seguir, um algoritmo especial se incumbe de corrigir os erros nos dados usando sistemas de checagem fornecidos durante o processo de gravação.
Para testar sua abordagem, a equipe gravou a Constituição da Suíça e Os Métodos de Teoremas Mecânicos de Arquimedes em moléculas de DNA e as acondicionaram em microesferas de óxido de silício de cerca de 150 nanômetros cada uma, em papel de filtro e em um biopolímero.
Degradação pelo tempo
Para replicar a degradação química que ocorre ao longo de milhares de anos, os pesquisadores guardaram seus fósseis sintéticos em temperaturas entre 60 e 70º C durante um mês.
O DNA armazenado nas esferas de vidro mostrou-se particularmente resistente ao tempo simulado. Segundo a equipe, a resistência é comparável à dos ossos fossilizados, mantidos por milhões de anos na natureza.
Segundo seus cálculos, guardando as microesferas a uma temperatura de -18º C, os dados ficarão preservados por mais de um milhão de anos - para comparação, um microfilme, o meio de armazenamento tecnológico mais durável que se conhece hoje, pode ser preservado por cerca de 500 anos.
Usando uma solução de fluoreto, as moléculas foram retiradas e seu sequenciamento permitiu uma leitura quase fiel dos dados gravados originalmente.