Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/09/2017
Triangulação cósmica
A observação de ondas gravitacionais está se tornando rotina. Mais uma vez - é a quarta vez - as ondulações do espaço-tempo previstas por Albert Einstein há cem anos acabam de ser detectadas.
Mas ainda desta vez houve uma novidade: Além dos dois observatórios da Colaboração Ligo, nos EUA, que detectaram as três ondas gravitacionais registradas até então, o detector italiano Virgo, que acabou de entrar em operação, também rastreou os sinais.
Quando um evento é detectado por uma rede de três detectores, a área no céu onde ocorreu o evento que liberou as ondas gravitacionais encolhe significativamente, melhorando a precisão, graças a uma técnica chamada triangulação.
Choque de buracos negros
No último dia 14 de agosto, os três detectores observaram um sinal de onda gravitacional, batizado de GW170814, gerado por dois buracos negros que se chocaram e se fundiram em um só.
As equipes dos três detectores acreditam que as ondas gravitacionais detectadas - ondulações no espaço e no tempo - foram emitidas durante os momentos finais da fusão de dois buracos negros, um com uma massa cerca de 31 vezes a do nosso Sol, o outro com cerca de 25 vezes a massa do Sol.
O evento, localizado a cerca de 1,8 bilhão de anos-luz de distância, resultou em um buraco negro rotativo com cerca de 53 vezes a massa do Sol - o que significa que cerca de três massas solares foram convertidas em energia de onda gravitacional durante a coalescência.
Nenhum outro sinal
Graças à técnica de triangulação, os pesquisadores conseguiram estreitar a provável localização da fonte desta nova onda gravitacional para uma área de 60 graus quadrados no céu. Isso é 300 vezes a área da lua cheia, mas é 10 vezes menor do que a área apontada apenas pelos observatórios Ligo.
Com isto, aumenta a probabilidade de que o evento que gerou as ondas gravitacionais possa ser captado por outros telescópios e observatórios.
No caso do GW170814, um total de 25 observatórios astronômicos saiu em busca da radiação eletromagnética nas frequências óptica, infravermelha, raios gama, raios X e ondas de rádio, bem como para as emissões de neutrinos.
Nenhum dos instrumentos observou nenhum sinal, mas isso é esperado para buracos negros de massa estelar. A expectativa é que isso mude na ocorrência de eventos ainda mais descomunais.