Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Energia

Enzima gera eletricidade do ar aproveitando hidrogênio ambiente

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/03/2023

Descoberta enzima que produz eletricidade usando hidrogênio do ar ambiente
A Huc é uma autêntica célula a combustível molecular, capaz de aproveitar hidrogênio em baixíssimas concentrações.
[Imagem: Rhys Grinter et al. - 10.1038/s41586-023-05781-7]

Energia do hidrogênio ambiente

Uma nova enzima recém-descoberta permite gerar eletricidade apenas entrando em contato com o ar ambiente.

Embora existam células a combustível que convertem hidrogênio em eletricidade, a enzima consegue criar uma corrente elétrica mesmo em contato com as baixas concentrações de hidrogênio da atmosfera.

A enzima, chamada Huc, foi extraída de uma bactéria comum do solo, a Mycobacterium smegmatis.

"Já sabemos há algum tempo que as bactérias podem usar os traços de hidrogênio no ar como fonte de energia para ajudá-las a crescer e sobreviver, inclusive em solos antárticos, crateras vulcânicas e no oceano profundo. Mas nós não sabíamos como elas faziam isso, até agora," disse o professor Chris Greening, da Universidade Monash, na Austrália.

E agora eles sabem que a bactéria faz isso usando a enzima Huc, que os pesquisadores Ashleigh Kropp e Rhys Grinter conseguiram isolar.

"A [enzima] Huc é extraordinariamente eficiente. Ao contrário de todas as outras enzimas e catalisadores químicos conhecidos, ela consome até mesmo hidrogênio abaixo dos níveis atmosféricos - apenas 0,00005% do ar que respiramos," contou Grinter.

Descoberta enzima que produz eletricidade usando hidrogênio do ar ambiente
O mapeamento detalhado permitiu descobrir como a enzima funciona.
[Imagem: Rhys Grinter et al. - 10.1038/s41586-023-05781-7]

Energia do ar

Os pesquisadores usaram vários métodos de ponta para elucidar o modelo molecular da oxidação do hidrogênio atmosférico feito pela Huc. A microscopia crioeletrônica ajudou a determinar a estrutura atômica e as vias elétricas da enzima - na verdade, a equipe criou o mapa mais detalhado de uma enzima já feito por essa técnica até hoje.

Uma outra técnica, chamada eletroquímica, foi usada para demonstrar que a enzima purificada cria eletricidade sob concentrações mínimas de hidrogênio.

Agora começam os trabalhos visando a utilização prática da enzima, com a equipe apontando a possibilidade de criar equipamentos alimentados pela "energia do ar", em lugar da energia solar, por exemplo.

Os primeiros resultados foram animadores: "Ela é surpreendentemente estável. É possível congelar a enzima ou aquecê-la a 80 graus Celsius, e ela retém seu poder de gerar energia," contou Kropp.

O primeiro passo consistirá em produzir a enzima em grandes quantidades, para que ela possa ser usada em testes fora do laboratório.

Bibliografia:

Artigo: Structural basis for bacterial energy extraction from atmospheric hydrogen
Autores: Rhys Grinter, Ashleigh Kropp, Hari Venugopal, Moritz Senger, Jack Badley, Princess R. Cabotaje, Ruyu Jia, Zehui Duan, Ping Huang, Sven T. Stripp, Christopher K. Barlow, Matthew Belousoff, Hannah S. Shafaat, Gregory M. Cook, Ralf B. Schittenhelm, Kylie A. Vincent, Syma Khalid, Gustav Berggren, Chris Greening
Revista: Nature
DOI: 10.1038/s41586-023-05781-7
Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Biotecnologia
  • Hidrogênio
  • Células a Combustível
  • Energia Solar

Mais tópicos