Espaço
Cassini mergulha em gêiser emitido por lua de Saturno
Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/10/2015
Acredita-se que as plumas originem-se de um oceano global, abaixo da superfície gelada de Encélado - a ilustração não está em escala, não seguindo as dimensões prováveis de cada camada.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech]
Mergulho no gêiser espacial
Na tarde desta quarta-feira, a sonda espacial Cassini dará um mergulho radical rumo à lua Encélado de Saturno.
Passando a apenas 49 km da superfície, essa aproximação colocará a sonda praticamente no meio de um dos jatos de spray gelado - uma espécie de gêiser - emitido pela enigmática e promissora lua.
O jato de "vapor" emitido por Encélado é tão forte que faz chover em Saturno. E os dados obtidos até agora indicam que Encélado pode ter um oceano salgado global, abaixo de sua crosta gelada, o que poderia explicar os gêiseres.
Mais informações deverão ser coletadas agora, no rasante mais radical já feito sobre Encélado, que marcará também um dos momentos finais da Cassini, que estuda o sistema de Saturno desde 2004. Depois ela fará mais duas passagens, uma a 5.000 km e outra a 22.000 km de altitude.
O combustível da sonda espacial deverá se esgotar em 2017, quando ela será então direcionada para mergulhar em Saturno, sendo destruída.
A equipe da Cassini levará semanas, e até meses, para analisar os dados coletados na tarde de hoje - o mergulho deverá ocorrer por volta das 13h00, no horário de Brasília -, mas uma série de informações liberadas pela NASA mostram exatamente do que se trata esse rasante e o que se pode esperar dele.
Será a primeira vez que a sonda voará diretamente nas plumas de spray gelado emitidas por Encélado.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech]
Fatos importantes sobre o rasante da Cassini em Encélado
- Encélado é uma lua gelada de Saturno. No início de sua missão, a Cassini descobriu que Encélado tem uma atividade geológica impressionante, incluindo uma pluma de gelo, vapor de água e moléculas orgânicas, pulverizadas a partir de sua região polar sul. Os dados da Cassini também indicam que a lua pode ter um oceano global e uma provável atividade hidrotermal, o que significa que poderia haver lá os ingredientes necessários para manter formas simples de vida.
- O rasante será o mais profundo mergulho da Cassini através da pluma de Encélado, que se acredita originar-se do oceano abaixo da sua superfície. A sonda espacial já voou mais perto da superfície de Encélado antes, mas nunca diretamente através da pluma ativa.
- O sobrevoo não se destina a detectar vida, mas irá fornecer novas informações importantes sobre a eventual habitabilidade do oceano para formas de vida simples.
- A equipe da Cassini está esperançosa com a obtenção de dados sobre alguma atividade hidrotermal - ou seja, química envolvendo rochas e água quente - que esteja ocorrendo dentro de Encélado. Esta atividade pode ter importantes implicações para a habitabilidade do oceano por formas de vida simples. A informação crítica para isso seria a detecção de hidrogênio molecular.
- A equipe também espera compreender melhor a química da pluma. A baixa altitude do sobrevoo destina-se justamente a colocar os instrumentos da Cassini em contato com uma área mais densa, com moléculas mais pesadas e mais maciças, incluindo moléculas orgânicas, que já foram observadas em baixas concentrações a altitudes mais altas.
- O sobrevoo vai esclarecer também se a pluma é composta por jatos individuais, que se elevam como colunas, ou por uma espécie de cortina, com jatos sinuosos - ou uma combinação de ambos. A resposta pode tornar mais claro como o material
chega à superfície vinda do potencial oceano abaixo.
- E a medição crucial consistirá na mensuração da quantidade de material gelado expelido para o espaço, uma vez que a quantidade de material tem importantes implicações sobre a atividade que ocorre em Encélado.
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