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Quais ETs vão nos ver primeiro?

Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/03/2016

Quais ETs vão nos ver primeiro?
A projeção da órbita da Terra em direção à esfera celeste traça uma área de busca que é apenas dois milésimos do céu inteiro.
[Imagem: René Heller/Ralph Pudritz]

Trânsito planetário

A busca por vida fora da Terra - de ETs inteligentes em particular - tem ocupado muitas mentes, telescópios e radiotelescópios há anos.

René Heller e Ralph Pudritz, do Instituto Max Planck, na Alemanha, acreditam que é possível otimizar essa busca invertendo o raciocínio usado até agora para procurar pelos ETs.

As técnicas mais utilizadas visam a chamada zona habitável das estrelas, onde os exoplanetas têm temperaturas capazes de manter água em estado líquido.

Na técnica do trânsito planetário, o exoplaneta é detectado quando ele passa à frente de sua estrela em relação à Terra, o que causa uma variação no brilho da estrela, uma variação pequena, mas detectável. E já está em desenvolvimento a "espectroscopia de trânsito", uma técnica que permitirá estudar a atmosfera dos exoplanetas, detectando, por exemplo, sinais de uma civilização industrial.

Ocorre que essas técnicas não conseguem enxergar todos os exoplanetas de todas as estrelas porque os dois devem estar em um ângulo preciso quando vistos a partir da Terra.

Trânsito alienígena

Ora, e se observadores extraterrestres estiverem procurando por alienígenas - nós - usando esses mesmos métodos?

Então, se eles estão lá, podemos concentrar nossas buscas na parte do céu a partir da qual os habitantes de um exoplaneta conseguiriam detectar a Terra pela técnica do trânsito. Assim, aumentariam nossas chances de detectar sinais de uma civilização alienígena que nos visse e pudesse estar tentando se comunicar conosco.

A ideia parece boa porque a projeção da órbita da Terra ao redor do Sol em direção à esfera celeste traça uma área que equivale a apenas dois milésimos do céu inteiro. Assim, poderíamos concentrar nossas buscas nessa faixa, aumentando as chances de encontrar em planeta habitado cujos habitantes também estejam tentando fazer contato.

"O ponto-chave desta estratégia é que ela limita a área de pesquisa a uma parte do céu muito pequena. Como consequência, pode levar um tempo menor que a duração de uma vida humana para descobrirmos se existem ou não astrônomos extraterrestres que encontraram a Terra. Eles podem ter detectado a atmosfera biogênica da Terra e começado a entrar em contato com quem quer que esteja em casa," disse Heller.

Se for assim, é importante que alguém esteja de prontidão para quando o telefone tocar, defendem os dois pesquisadores. E, como já temos os radiotelescópios para tentar detectar essas ligações, bastará apontá-los para as regiões mais promissoras.

Quais ETs vão nos ver primeiro?
Projeção no céu das estrelas de onde seria possível enxergar a Terra pela técnica do trânsito planetário.
[Imagem: René Heller/Ralph Pudritz]

Estrelas candidatas

Um levantamento inicial indicou cerca de 100.000 estrelas que podem ter planetas na posição adequada para ver a Terra pela técnica do trânsito.

Como isso ainda é muito, a dupla levou em conta a idade das estrelas, já que é importante que elas não sejam jovens demais para que a vida tenha tido tempo para se desenvolver e restringiu a distância máxima às nossas vizinhanças cósmicas. O resultado é uma lista de 82 estrelas parecidas com o Sol que satisfazem todos os critérios para ter um exoplaneta cujos hipotéticos habitantes possam nos encontrar e que não estejam longe demais.

A dupla afirma que seu catálogo pode ser usado imediatamente, por exemplo, pelo Instituto SETI, que busca sinais de vida alienígena inteligente.

"É impossível prever se os extraterrestres usam as mesmas técnicas observacionais que nós. Mas eles têm de lidar com os mesmos princípios físicos que nós, e os trânsitos solares da Terra são um método óbvio para nos detectar," concluiu Heller.

Bibliografia:

Artigo: The Search for Extraterrestrial Intelligence in Earth's Solar Transit Zone
Autores: René Heller, Ralph E. Pudritz
Revista: Astrobiology
Vol.: 16, Issue 4, 1
DOI: 10.1089/ast.2015.1358
Link: www.liebertpub.com/mcontent/files/AST-2015-1358.pdf
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