Antonio Carlos Quinto - Agência USP - 08/10/2007
Os ambientes de realidade virtual já estão presentes em diversas áreas, do entretenimento, permitindo que os jogadores de videogames "entrem na tela", até os laboratórios das grandes universidades, ajudando os cientistas a visualizarem os resultados de suas simulações.
Campimetria visual
Agora, cientistas da USP de São Carlos utilizaram a mesma tecnologia para desenvolver uma versão nacional de um equipamento chamado campímetro. O aparelho é utilizado em um exame chamado campimetria visual, campimetria visual, fundamental para o tratamento do glaucoma.
Um campímetro convencional chega a ocupar uma sala de cerca de 16 metros quadrados. "Além disso, há o custo do equipamento, que não sai por menos de R$ 70 mil", afirma o professor Luis Alberto Vieira de Carvalho. "Nosso campímetro virtual não custará mais do que R$ 5 mil, além de ser inédito no mundo", garante o aluno Igor Fernandes, que está implementando o software do sistema.
Campímetro virtual
Carvalho, que coordena a equipe responsável pelo desenvolvimento do novo aparelho, explica que o dispositivo é baseado em um óculos virtual, ligado a um computador, que emite uma imagem equivalente a uma TV de 40 polegadas a três metros de distância.
"Na tela dos óculos, onde há um micro LCD [uma pequena tela de cristal líquido], onde são projetados pequenos pontos brancos sobre um fundo cinza. À medida que o paciente vai enxergando os pontos, ele pressiona um joystick", explica o pesquisador.
Todas as informações são imediatamente inseridas no software que irá produzir um mapa tridimensional do campo visual da pessoa examinada. "Como o equipamento terá em seu sistema uma série de mapas de pessoas saudáveis, o software fará a comparação e fornecerá um diagnóstico", diz.
Campo visual
O campo visual é a região da retina capaz de detectar estímulos luminosos. Em pessoas com saúde perfeita, essa percepção é de aproximadamente 120º a partir do ponto central. "'Nosso equipamento chega a medir até 40º do ponto central. Assim, fornecerá diagnósticos que poderão indicar ou não a necessidade de realização de exames mais detalhados em campímetros convencionais"', explica Carvalho.
Em casos de glaucoma por exemplo, que atinge principalmente pessoas acima de 60 anos, este instrumento poderia ser útil numa indicação de casos já adiantados. Mas Carvalho avisa que o campímetro virtual não irá substituir o convencional, mas que será uma importante ferramenta de apoio aos oftalmologistas.
Problemas de visão
Além do glaucoma, outras doenças podem afetar o campo visual, como a degeneração macular senil e o diabetes. Essas moléstias podem criar ilhas de falha de visão denominadas escotomas, ou os chamados "'pontos cegos"', no campo visual que também poderão ser detectados pelo campímetro virtual.
O professor destaca que além da tecnologia há o aspecto social. "'O equipamento, que é totalmente portátil, pode ser adaptado a um laptop. Assim, o médico poderá aplicar o exame em locais distantes e até mesmo de difícil acesso, num tempo médio de 20 minutos"', comemora Carvalho.
O aparelho poderá chegar ao mercado dentro de um ano. "'Estamos trabalhando agora no sistema de software"', diz. Além disso, o sistema deverá passar por outros testes, bem como ser aferido em uma base considerável de pacientes.